Projeto Integrador V-A [PUC-GO]
As queimadas no Brasil representam um desafio significativo para a conservação ambiental, a biodiversidade e a gestão sustentável de recursos naturais. Com uma vasta extensão de florestas e ecossistemas únicos, o país enfrenta a crescente ameaça dos incêndios florestais, que não apenas devastam áreas verdes, mas também afetam diretamente a qualidade do ar, a saúde pública e o clima global.
Nos últimos anos, o aumento das queimadas, muitas vezes associado a práticas agrícolas e à exploração desenfreada dos recursos naturais, levantou preocupações em nível nacional e internacional sobre a sustentabilidade e a preservação dos nossos biomas.
Este trabalho tem como objetivo analisar dados sobre queimadas, utilizando técnicas avançadas de visualização de dados em ferramentas de Business Intelligence e Data Science. Através da análise dos dados disponíveis no Banco de Dados de Queimadas (BDQueimadas) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), busca-se não apenas quantificar a incidência de incêndios, mas também investigar a complexa relação entre variáveis climáticas como, precipitação, dias sem chuva e FRP.
Ao oferecer insights detalhados sobre esses fatores, pretende-se contribuir para uma compreensão mais profunda e abrangente do fenômeno das queimadas no Brasil. Através dessa análise, espera-se fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas mais eficazes e estratégias de manejo sustentável, visando a mitigação dos impactos ambientais e a promoção de práticas que respeitem a integridade dos ecossistemas.
Este estudo, portanto, não apenas se propõe a mapear e entender o comportamento das queimadas, mas também a gerar reflexões sobre a importância da conscientização e da ação coletiva para a preservação do nosso patrimônio natural.
Os dados utilizados neste estudo foram coletados a partir do Banco de Dados de Queimadas (BDQueimadas), uma aplicação WebGIS mantida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Para garantir a integridade e a relevância dos dados analisados, utilizou-se a linguagem de programação Python, que oferece uma série de bibliotecas poderosas para o tratamento e a limpeza de dados.
A etapa de limpeza dos dados envolveu vários passos fundamentais, incluindo a padronização das siglas dos estados, a conversão das horas para o formato datetime
e a remoção de outliers e dados irrelevantes. Esses passos foram essenciais para assegurar a consistência e a usabilidade das informações. As colunas selecionadas para o dashboard incluíram:
- Data e Hora: Horário de referência da passagem do satélite.
- Cidade, Estado, País e Município: Informações geográficas que ajudam a contextualizar as queimadas.
- Bioma: Identificação do bioma afetado, crucial para entender os impactos ecológicos.
- Dias Sem Chuva e Precipitação: Indicadores climáticos que podem influenciar a ocorrência de incêndios.
- Risco de Fogo: Classificação do risco de incêndio.
- Latitude e Longitude: Coordenadas geográficas das ocorrências, permitindo o mapeamento preciso.
- FRP (Fire Radiative Power): Mede a energia radiante liberada por unidade de tempo, refletindo a intensidade do fogo.
A análise permitiu identificar a relação entre variáveis climáticas e a ocorrência de queimadas. Esta relação foi evidenciada nas diferentes páginas do dashboard, que abordaram temas como a quantidade de queimadas por bioma e a relação entre precipitação e risco de fogo. Essas análises fornecem insights valiosos para compreender os fatores que contribuem para a incidência de incêndios florestais.
O dashboard no Power BI foi dividido em quatro páginas, cada uma focando em aspectos distintos das queimadas:
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Queimadas no Brasil: Uma visão geral das ocorrências de queimadas em diferentes regiões.
Imagem: Gráfico de barras mostrando a quantidade de queimadas por estado.
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Relação Climática e Risco de Incêndio: Análise que correlaciona as variáveis climáticas com os níveis de risco de incêndio.
Imagem: Gráfico de dispersão entre precipitação e risco de incêndio.
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Intensidade dos Incêndios: Avaliação da intensidade das queimadas, utilizando dados de FRP.
Imagem: Mapa do Brasil com as intensidades de FRP por região.
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Dias Sem Chuvas: Uma análise da influência da precipitação na ocorrência de incêndios.
Imagem: Gráfico de linha mostrando a relação entre dias sem chuvas e focos de queimadas.
Cada página do dashboard permite filtragens por mês, estado e bioma, proporcionando uma análise detalhada e interativa que pode ser utilizada para apoiar a tomada de decisões em políticas de gestão ambiental.
A análise dos dados de queimadas no Brasil em 2024 evidencia a eficácia das técnicas de visualização na compreensão de fenômenos complexos. Este estudo não apenas mapeia as queimadas, mas também estabelece uma base sólida para futuras investigações e políticas de conservação.
Os biomas mais afetados foram:
- Amazônia: Registrando um total alarmante de 87.054 focos de incêndio.
- Cerrado: Com 56.107 focos.
- Mata Atlântica: 14.385 focos.
As regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste foram as mais impactadas, com Mato Grosso liderando em número total de queimadas (22,52%), seguido por Pará (17,07%) e Amazonas.
A média de risco de incêndios variou conforme a precipitação, destacando áreas mais vulneráveis, e os dados indicam tendências significativas que merecem atenção em futuras análises.
A Potência Radiativa do Fogo (FRP) revelou que o Pantanal teve os maiores índices de intensidade de incêndios, indicando incêndios de longa duração, seguido por Cerrado e Amazônia.
A correlação entre o número de dias sem chuva e as queimadas reforça a importância da precipitação na mitigação do risco de incêndios, com áreas mais secas apresentando maior vulnerabilidade.
- Amazônia: 87.054 focos (maior devastação).
- Cerrado: 56.107 focos (predisposição às queimadas devido ao clima).
- Mata Atlântica: 14.385 focos.
- Pantanal: 10.377 focos (preocupante, dada sua menor extensão territorial).
- A região Norte apresentou a maior proporção de queimadas, destacando uma severa crise climática.
- O Centro-Oeste também enfrentou uma crise crescente, exacerbada por correntes de vento que transportam fumaça, piorando a qualidade do ar e impulsionando mais queimadas.
- Mato Grosso lidera em porcentagem de focos de incêndio (22,52%).
- Pará segue com 17,07%.
- Amazonas vem em terceiro com 10,95%.
O Pantanal lidera em Potência Radiativa do Fogo (FRP), indicando incêndios de grande intensidade e duração.
A relação é clara: mais dias sem chuvas aumentam o risco de incêndios e a intensidade (alta FRP), mostrando que a vegetação seca é um combustível para as chamas.